Votação da PEC do diploma só em 2017, diz presidente da Fenaj
O tema “O jornalismo na realidade brasileira contemporânea e a contribuição da academia” o 10° Pré-Fórum Fenaj abriu o 16° Encontro Nacional de Professores de Jornalismo (ENPJ), nesta quarta-feira, dia 08. O evento foi realizado na Faculdade Araguaia, em Goiânia. No encontro, a presidente da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) Maria José Braga disse que, devido à crise política instalada no país, a PEC do diploma de Jornalismo, será votado em 2017. “Com o ex deputado Eduardo Cunha, conseguiríamos votá-la, por pressão, por que a gente tinha o apoio da maioria dos deputados”, disse.
“O que eu respondo aos meus alunos quando me confrontam a respeito da cobertura do jornalismo feito quando do processo de impeachment da presidenta?”. A pergunta feita à Maria José Braga veio de um professor que não é exceção nas universidades do Brasil. Em tempos de convergências, falta de diálogo entre academia e mercado, enxugamento das redações, os alunos recorrem aos professores para buscar por respostas. Nem eles têm respostas à crise instalada na imprensa brasileira.
“Que jornalismo?”, devolve Maria José. “Isso que foi feito pelos jornais – inclusive emitimos uma nota sobre – não é nem péssimo jornalismo, nem jornalismo mal feito. Isso é perseguição política travestida de jornalismo”, disse, sobre o processo de impeachment sofrido pela presidente Dilma Rousseff, um dos temas que provoca reflexão a respeito da produção de conteúdo jornalístico no Brasil.
Para que a situação mude, diz ela, é preciso uma crítica mais incisiva da academia. “A academia tem um papel primordial. Ela contribui diretamente na crítica qualificada, que propõe”, disse. “Precisamos ter coragem para condenar os nossos pares”
Para Juliano Maurício, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o problema está no código, além da crise de identidade. “Hoje temos uma linguagem mutante e precisamos demonstrar isso na sala de aula”, disse. Os alunos, para o professor, precisam aprender a utilizar as ferramentas. “Isso é muito mais fácil atualmente, quando os alunos chegam com um repertório muito maior. O professor hoje não está acima de tudo na sala de aula. Precisamos despir dessa crença”, afirma.
Enquanto o jornalismo amarga a uma das maiores crises, segundo Maria José, as pessoas produzem conteúdo de graça no Facebook. “O cara criou o Facebook, onde o usuário trabalha sem ganhar nada. E ainda vira mercadoria”, alerta. “E tem gente que protesta contra a Globo, mas não protesta com o Google e contra o Facebook.”
“Por mais que tenhamos evoluído nos processos educativos, ainda temos muitas falhas”, disse o professor Juliano.
O debate de ideias foi intermediado pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso Edson Spenthof.